Por que devemos avaliar aspectos sensoriais e motores no processo avaliativo?

Postado por Marina | 24 Mai 2022 |Integração Sensorial

Desafios motores e sensoriais são comuns em indivíduos com autismo e estes impactam em habilidades importantes para as atividades de vida diária. É sobre esse tema o artigo fresquinho "Associations among daily living skills, motor, and sensory dificulties in Autistic and Nonautistic Children", publicado agora em março de 2022 por Travers et al.

O estudo foi realizado a fim de contribuir para a prática clínica, entendendo melhor a relação entre os desafios sensório-motores e as habilidades de vida diária. O objetivo do estudo foi avaliar a relação entre os escores sensoriais e motores, de maneira combinada, e o desempenho nas AVDs com crianças entre 6 a 10 anos com autismo e com desenvolvimento típico (sem histórico familiar ou outro diagnóstico associado). Foram utilizadas medidas de relatório dos pais relacionadas às AVDs, as características sensoriais e avaliações padronizadas de desempenho motor.

As medidas utilizadas foram a Wechsler Abbreviated Scale of Intelligence, Vinelad Adaptive Behavior Scale, Bruininks-Oseretsky Test Oof Motor Proeficiency e Sensory Experiences Questionnaire. 

E, como resultado, os achados indicaram forte relação entre as dificuldades motoras e sensoriais e todos os domínios das AVDs. As habilidades motoras foram associadas às ocupações de vestir-se, tomar banho, cuidar da saúde, limpar e organização, preparação e limpeza de refeições, educação e segurança.

O estudo ainda discute que as crianças com déficit nas habilidades motoras demonstram menor desempenho nas AVDs. Há dados importantes em alguns dos itens avaliados, o que sugere que novos estudos sejam realizados a fim de avaliar certos níveis de habilidades motoras para um engajamento de sucesso nas AVDs. Resultados da BOT2 (abaixo do percentil 31, por exemplo, podem ser um alerta para uma investigação aprofundada). 

As medidas sensoriais e motoras quando combinadas melhor predizem melhor às habilidades de vida diária, quando comparamos as medidas de maneira isolada. Logo, as avaliações utilizadas devem sempre focar o olhar para ambos os domínios.

Um estudo com sua relevância para a prática clínica, uma vez que as crianças com desafios motores e sensoriais experimentam desafio com diversas ocupações, o que é um dado importante, visto a prevalência de desafios vivenciados tanto pelas crianças com autismo e as crianças com desenvolvimento típico. Logo, as terapias que conseguem abordar as habilidades sensório-motoras aumentam a chance de alcance da independência e autonomia nas AVDs.

O estudo ainda ressalta que o trabalho que engloba o sensorial com o motor, enquanto intervenção, apresenta uma melhor predição para às habilidades de vida diária.

Ainda, acrescenta que os desafios motores estão mais associados às AVDs que envolvem vestir, tomar banho, limpeza, educação, segurança, saúde e preparação de refeições.

Fica então claro para os TOs como utilizar os dados da avaliação, em termos de aspectos sensoriais e motores, para guiar o raciocínio e intervenção clínica.

 

 


  • Marina
    Descobri desde nova o que queria ser - terapeuta ocupacional. Através dessa ciência e profissão me realizo. Fui atrás de muita capacitação: mestrado, certificações, pós-graduações e cursos. Junto ao amor à profissão, quero alcançar o máximo de pessoas possíveis com as ferramentas que tenho. Hoje administro a clínica Interagir em Curitiba, local onde uno esse grande quebra-cabeças.

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